domingo, 16 de janeiro de 2011

16/01/2011
3.0

Não foi como eu queria e muito menos como eu planejava, mas cheguei aos 30: melancólico, mal humorado e com uma baita dor no ombro esquerdo. Não que o caminho todo até aqui tenha sido assim, mas especificamente o dia de hoje. Realmente não foi um bom dia.

Está registrado: tenho 30. Estou mais velho, com mais responsabilidades e carregando mais esperanças e expectativas dos outros, pois (acho que) sei bem o que eu quero.

Que os próximos 30 sejam tão bons quanto os primeiros.

sábado, 26 de junho de 2010

26/06/2010
Mais dia, menos dia...

Uma hora eu ia me cansar... tudo tem limite. Você pode ter novos limites, mas até acostumar...

Semana dura...cheia. Muitos compromissos, eventos, feira, entrevistas e show da banda. A expectativa para a quinta-feira era grande. Quase oito meses sem fazer um show, sem subir num palco e mais de um ano sem aparecer para tocar no Manifesto. Ia ter que literalmente pastar até chegar a quinta-feira, mas valeu. O som estava bom, a casa dispensa comentários e a bateria nova realmente me empolgou!

O que me cansou esta semana foram algumas situações e atitudes infantis...o mundo corporativo as vezes é muito chato. Gosto de trabalhar, amo minha profissão, mas tem coisas que não me descem. Vaidades, gente forçando entrevista e pendurando literalmente a melância no pescoço para aparecer e sair na revista comigo não tem vez. Infelizmente tenho que dizer que hoje há uma péssima safra de profissionais no mercado de comunicação. Gente desinformada, desinteressada e que só quer saber de fazer média, mostrar serviço para o chefe e receber o dinheiro no final do mês.

Infelizmente a vida tem dessas coisas...a vida é assim. Eu não acho, por isso que não dou moleza pra gente desse tipo.

domingo, 7 de março de 2010

07/03/2010
De partida

De partida...é breve, mas eu vou. A Bélgica me espera junto com um frio de dois graus, que pode chegar até menos três, de acordo com a previsão dos próximos dias. É para trabalhar, mas de certa forma para descansar, já que não tenho férias.

Êxito profissional. Também. Me sinto orgulhoso, seguro e soa como uma recompensa... Não uma meta alcançada, mas um prêmio por dedicação e determinação. O meu momento profissional é muito bom há alguns anos. Tenho orgulho do meu emprego, das minhas profissões e da minha empresa. É difícil demais se manter vivo num país como o Brasil.

Faz tempo que não desabafo, é a primeira vez no ano, apesar de ter sentido vontade um outro dia. É simples e rápido, com quase tudo pago. Vou ali pegar um frio, trabalhar com quem eu não conheço, tentar falar inglês, dar umas voltas em lugares novos e tirar umas fotos. Tem um lado bom, como tudo na vida. Os meus cachorros estão agitados e o cheiro de bolo da minha mãe sobe as escadas sem dó. Eu volto logo.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

12/11/2009
Talvez o limite da falta de limite


Madrugada de quinta-feira, 12 de novembro, 2h35. O sono foi interrompido pelo calor e por uma insônia que se não bastasse me acordar, me fez levantar.

A noite foi melancólica. Um dia de tédio no trabalho, um treino sem tanto esforço, mas cumprido à risca na academia e até um “oi” de leve e bem de longe, com a mesma cara amarrada dos últimos dias. Ela, visivelmente assustada, meio que suspirou. Parecia que queria me dizer algo. Não dei a mínima chance e o olhar dela morreu em seguida. Aprendi, quer dizer, estou aprendendo a usar o “foda-se”. As vezes ele trava, ligado ou desligado. Estou aprendendo a não dar confiança a quem não merece e tratar os outros como me tratam. Não preciso ser bom com ninguém, apenas justo.

Como dizia, a noite foi melancólica, tinha um sopro de esperança, dos mais fracos, daqueles que nem sequer gritam gol, como não gritei, em nenhum dos dois gols. O coração acelerado e a respiração difícil dos últimos dias desapareceram. Estava bem, mas com raiva, indignado, pois via um quadro melancólico e até bizarro ser pintado na minha frente, como já vi outras vezes. Tem sido sempre assim quando dependemos apenas de nós, é uma ansiedade, um tormento, um nervosismo, um desespero que nos torna ridículos diante de nossa própria platéia, em nossa própria casa.

O pior e mais raçudo atacante, que nos últimos jogos mostrou muita vontade e até lampejos de futebol, foi o de sempre, ou igual ao que dizem que é o melhor dos nossos nos últimos jogos: tropeçando na bola e errando até o respirar. O grande craque do ano não passou de um arremedo de jogador de futebol: medroso, indeciso, um garoto de três anos que mijou nas calças de vergonha quando se viu diante de uma centena de adultos. O ídolo, o de sempre, fez o de sempre: sofreu com a falta de personalidade dos outros e teve que buscar a bola nas próprias redes por duas vezes. Paciência tem limite!

De certa forma, no último domingo eu morri. Talvez o resto de força e esperança que eu tinha no coração tenha ficado no sofá da casa do tio Rodolpho. Me senti um completo idiota, manipulado... Era uma coisa que me acompanhava desde criança, mas parece que percebi que não preciso mais disso. Não como está hoje. As vezes penso se o suor dos últimos anos era verdadeiro mesmo, pois o meu sentimento era. Se pensar na grana que gastei com isso na vida, acho que estaria rico. O futebol ficou sujo, sem graça. É grana pela grana, poder, tribunais. De futebol mesmo...

Passei a acreditar em limite. Pior, em limite do limite, limite da falta de limite. Trabalhar não me dá mais prazer, aliás estar fora do escritório tem sido mais prazeroso. A TV tem me deixado feliz e até é um limite que eu ainda não descobri. De resto escrever tem me cansado e está muito chato.

Tocar já foi mais legal. Já deixei o limite mais de lado e deixava vazar a emoção. Não tinha limites, essa é a verdade. Estou muito baterista demais e rocker de menos. Sempre quis técnica, mas está muito quadrado, até com metrônomo agora. Não vejo a hora de gravar logo...

De certo mesmo é que precisava desabafar minha inconsistência e irrelevância dos últimos tempos, de alguma forma. Que seja no notebook. De certo mesmo são os olhos arregalados do Fred: com um olhar calmo e compreensivo, sempre ao meu lado, até às 3h da manhã na sala escura, iluminada apenas pelo notebook.

domingo, 25 de outubro de 2009

25/10/2009
Para ele eu estou sempre devagar...

É sempre a mesma história, sempre do mesmo jeito, sempre. Uma festa absurda, incansável, sem necessidade. Um alvoroço que até me assusta, mas é compreensível. Dizem que eles não teem noção de tempo, enxergam pouco mais que metros e em preto e branco. Sair na rua para nós é tão normal...realmente é justo o comportamento do Fred.

Parece que ele sabe que vou levá-lo. Quando acordo ele já está esperto, desce junto comigo. Dorme no pé da cama, um fiel escudeiro. Mas o sinal definitivo é depois que tomo café e acabo minha meditação. Quando termino de me trocar e desço novamento ele já está com o coração saindo pela boca literalmente, pois a língua já está para fora e a respiração é muito forte e intensa.

A coleira ele mesmo pega, é só abrir o armário. Corre com ela na boca e sobe no sofá. Fica tão ansioso que é até difícil colocá-la. Quando abro a porta, ele já está no portão, que ele mesmo abre com uma força impressionante que quase o fecha novamente.

Aí começa a corrida, faço um oito em dois quarteirões. Mas nunca é suficiente. Em menos de dez minutos estamos de volta. Diria que ele me leva para passear. Late muito, avança, me puxa, vai dando trancos na coleira o tempo todo, chega a machucar minha mão, mas é compreensível. A vida para ele é uma coisa nova, é excitante e acontece sempre que não chove ou quando não estou atrasado. É perceptível a frustração dele quando não saimos. Domingo é diferente, ele sabe que o dia é dele.

Por mais que eu tente ir devagar, ele vai cada vez mais rápido e forte. Para ele eu estou sempre devagar. Posso levantar mais cedo, me arrumar mais rápido, mas vai ser sempre assim. As vezes me vejo assim na vida. São poucos os que estão no meu ritmo: acelerado, meio tenso, sempre preocupado com o relógio e sempre querendo fazer mais.

Nos últimos tempos me machuquei com algumas coisas. Talvez essa minha necessidade de ser intenso, de falar o que penso e de colocar o coração em tudo tenha deixado este mesmo órgão um tanto duro, até com medo, o que nunca tive. É uma sensação nova, preocupante. Ando um pouco agressivo, voraz, sem paciência alguma.

Tenho evitado trabalhar em casa, mas tem horas, como nos últimos finais de semana e essa semana toda, que não deu para evitar. A vida anda bem sem graça e por mais que eu me esforce em fazer as coisas que gosto e até em planejar um final de semana, nada faz sentido. Ando fazendo muitas outras coisas e deixando de escrever. Tanto no trabalho quanto para meu lazer. É preocupante, pois sinto uma vontade enorme de colocar coisas novas para fora, de criar e de me envolver com outras novas artes. Piano, guitarra, canto e fotografia estão me cutucando e muito. Talvez sejam novas maneiras de criar e colocar para fora tudo o que tem me atormentado. Acho que virão novidades por aí. Mas antes preciso me acalmar, aprender a aproveitar meu tempo ocioso, aprender a descansar e desacelerar a vida um pouco. Seria a tal crise dos 30?

Talvez e esteja indo rápido demais, mas para ele eu estou sempre devagar... É assim que vejo os outros, e é assim que ele me vê.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

14/08/2009
Um ninja, tal qual Matrix...

Fazia tempo que não me sentia bem, principalmente nestas duas últimas semanas.
Ninja total, o Keanu Reeves no primeiro Matrix, agachado e seguindo orientação no celular entre as divisórias do escritório...

Semana dura, difícil, pesada, mas a sexta... Ah, o milagre de uma sexta! E olha que corro contra o tempo, trabalhando feito louco e sem meu computador no escritório. Ninja mesmo!!

Bom, ligar para pessoas desconhecidas, encarar estranhos, enfiar a mão e a cara nos mais distantes e inimagináveis buracos atrás de informação é uma das coisas que faz a minha profissão ser no mínimo emocionante. É o tipo "contra tudo e contra todos". As vezes da raiva, preguiça, mas no final compensa, ainda mais quando se atinge um objetivo.

Onde procurar? Onde ligar? Apenas duas opções. O que dizer? Agora complicou, ainda mais sem pretexto. Liga na casa, toca até cair o dia todo. E não é que no final do dia atenderam. Esperava uma voz feminina, é mais fácil. Ainda mais porque já conhecia de vista. Era um homem, gaguejei, mas segui em frente, firme e forte. Até que foi e fui melhor do que eu esperava. Para quem não tinha nada, uma informaçãozinha já ajuda, e anima, como anima. Vá lá, coragem, vou no mais difícil. Ter trabalhado em empresa grande com telefone sequencial ajuda e muito. Pode cair numa mesa do lado, de frente, perto, ou longe. Era longe, outro andar e homem de novo. Melhor do que eu esperava. Achei que ia levar paulada. Tô ficando bom nisso. Além da informação correta, o papo rendeu.

Vamos ver no que vai dar. Já tenho o que precisava, coragem nunca me faltou. A situação não é das mais fáceis, mas sinceramente, já superei coisa pior, já virei jogos bem mais difíceis. Estou abalado, mas eles não sabem da minha força. Vou pra cima!!!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

05/08/2009
Batalhas do dia

As 6h. As 7h30 ele fechou a porta e saiu de casa. Camisa branca por fora do jeans surrado, jaqueta azul aberta, sapatos de camurça marrom, velhos e sujos, porém confortáveis.

Tenso, preocupado, um pouco triste, com certo medo, medo de tudo de novo. Mas carregava um semblante decidido. Uma carta no bolso, outra nas mãos. A primeira de uma mulher, a segunda para o médico.

Chegou cedo ao destino, como de costume. Sentou e esperou, como planejava. Ao começar o exame, tudo na cabeça. De novo, e de novo. Respira fundo e vai... Um certo sorriso e alívio, da médica...depois o dele. O médico confirmou. Ele sorriu e segurou para não chorar, pois ganhou mais uns dias com a condição de confiar no que aprendeu, praticar e se cuidar. Era só o que ele queria para ir ao banheiro mais leve, lavar o rosto e se encarar no espelho mais uma vez. É, ele mereceu!

O dia não passava...ele corria, fazia o que tinha que fazer, mas nada de cair a noite, exatamente lá pelas 19h20. A primeira carta, que passou o dia todo com ele e seria entregue somente após a segunda, foi entregue, como ele pediu. Talvez não tenha causado o impacto desejado, mas causou algo. Era sincera. A segunda batalha rendeu lágrimas e decepção, mas ele ainda tem esperança!


A princípio outra ferida, ele está ficando calejado...mas cansado também.
Ele ainda tem esperança.