sexta-feira, 19 de dezembro de 2008


11/07/2003
A fossa

Achei que jamais nos falaríamos novamente. Hoje ela me acordou e disse que ligou só para saber se eu estava bem e para dizer que havia sonhado comigo, mais uma vez. Não estou reclamando, mas só ela não vê que eu estou presente na vida dela.

Enquanto isso, sigo curtindo a minha fossa, minha doce e companheira solidão. Sabe quando você quer e não quer tomar uma decisão? Decidi que não a procuraria mais, atendendo ao próprio pedido dela, decidi que não pronunciaria mais o nome dela, proibi as pessoas aqui de casa de pronunciarem o nome dela, prometi que nunca mais choraria por causa dela. Meu governo é uma piada, as ordens e as promessas são feitas para serem esquecidas, quebradas e burladas, assim diz meu estatuto. O ser humano é uma coisa engraçada, ele quer e não quer as coisas. Eu quero e ela quer, mas nós dois também não queremos. Aí vem a fossa, como gostamos de curtir uma fossa, como gostamos de nos fazer mal, de nos torturar. Cometemos o crime, nos julgamos e nos punimos, que coisa bela.

Nesses meus dias de férias e total inoperância aprendi muita coisa, quer dizer acho que aprendi. Era exatamente o que eu queria, ficar isolado do resto do mundo para pensar nos rumos que venho tomando ultimamente. Pensei, pensei e não cheguei a conclusão nenhuma, vi as mesmas coisas várias vezes, cometi os mesmos erros e continuo colhendo os frutos de mais uma desilusão amorosa. Não sei onde isso vai parar, e por incrível que pareça, acho que está só começando. Às vezes deveríamos agir mais no impulso, ser um pouco maluco e desequilibrado. Afinal de contas, é um saco saber de tudo o tempo todo.

Quebrar a cara de vez em quando é bom, ela vai ficando cada vez mais torta. Pensar!!! Certo dia uma pessoa, que eu sei quem é e não vou citar o nome, me disse que quanto mais pensamos, menos chegamos a uma conclusão. Começo a achar que isso faz sentido. Tenho mais quatro dias de férias, dois para pensar e dois para agir. Porém, primeiro preciso pensar em agir, preciso vencer a preguiça. O Chico dorme profundamente no meu colo, assim como eu, enrolado no cobertor. O pior de tudo é que ele não faz menção alguma de que vai levantar. Deve ser muito bom ser cachorro de apartamento. São duas da tarde, preciso de um café e de um banho.

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